1 OUTRO OLHAR

Seja bem vindo ao meu espaço democrático onde não há censura, aqui não quero criar ideologias e nem doutrinas de vida e sim, expressar a minha opinião sobre aquilo que me causa inquietação. Pode ser que o meu OUTRO OLHAR não esteja na mesma direção do seu, isso não me incomoda, pelo contrário prova que cada um é pautado nas suas experiências e têm sua forma de pensar e analisar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A GUINÉ EQUATORIAL QUE A BEIJA-FLOR NÃO MOSTROU.


"Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial" teria sido financiado com uma quantia de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões doados pelo presidente do país africano, Teodoro Obiang Nguema, que está no poder há 35 anos.

O governo da Guiné Equatorial negou nesta quinta-feira que tenha patrocinado a Beija-Flor. Em nota, o ministro da Informação, Imprensa e Rádio, Teobaldo Nchaso Matomba, afirmou que a iniciativa do patrocínio partiu de “empresas brasileiras”. O governo não citou nomes, mas, na quarta-feira, durante as comemorações pelo título na quadra da escola, o carnavalesco  Fran-Sérgio, integrante da comissão de carnaval da escola, citou Queiroz Galvão e Odebrecht (empresas que são citadas no escândalo lava jato) e grupo ARG como patrocinadores do enredo, .

Segundo o governo, os ministérios da Informação, Imprensa e Rádio e da Cultura e Turismo forneceram materiais e informações sobre a arte e cultura do país. O contrato assinado entre a Beija-Flor e o ministério da Cultura e Turismo do país africano cita um aporte de R$ 10 milhões para a escola, mas não informa a origem do dinheiro.

Em nota a Odebrecht afirma que não patrocinou o desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor, do Rio de Janeiro e  esclarece ainda que nunca realizou obras na Guiné Equatorial. A empresa chegou a manter um pequeno escritório de representação no país africano, mas ele foi desativado em 2014.

Consultada pela BBC Brasil antes do desfile, a Beija-Flor não confirmou os valores recebidos e limitou-se a dizer, em nota, que recebeu "apoio cultural e artístico do governo da Guiné Equatorial" e que "visando divulgar a trajetória de seu povo, a Guiné Equatorial disponibilizou todo o aparato histórico para que a comissão de Carnaval da agremiação pudesse pesquisar e ter acesso a diversos aspectos da cultura local".

A GUINÉ EQUATORIAL

No país formado por cinco ilhas e um território no continente, não há distinção entre governo e seu presidente: Teodoro Obiang Nguema está no poder desde 1979 e pretende passar a coroa a seu filho Teodorin, vice-presidente. Ex-colônia da Espanha, a Guiné Equatorial se tornou independente em 1968.

Foi então governada por Francisco Nguema, cujo governo opressor fez com que milhares de pessoas buscassem refúgio em outros países africanos e também na Europa. Em 1979, Nguema foi deposto em um golpe de estado violento realizado por Mbasogo, seu sobrinho.

Riquíssimo em petróleo e gás, o país conta com um PIB estimado em 15 bilhões de dólares e é uma das maiores rendas per capita do continente africano. Contudo, deixa a desejar quando o assunto é desenvolvimento humano. De acordo a Organização das Nações Unidas (ONU), o país de apenas 800 mil habitantes ocupa a 144ª colocação no ranking de desenvolvimento que avalia 187 países.

As violações de direitos humanos são alvos constantes de denúncias de entidades internacionais. Em relatório anual, a HRW criticou a opressão da imprensa local e a repressão contra manifestações políticas oposicionistas. Denunciou também a falta de independência do judiciário (cujo líder é Mbasogo) e as condições desumanas das prisões do país. 

O pequeno país do oeste africano começou a explorar suas riquezas petrolíferas em 1995 e hoje é visto como vítima de um típico caso de "maldição do petróleo" – ou paradoxo da abundância. Desde meados da década de 1990, a antiga colônia espanhola se tornou um dos maiores produtores de petróleo na África Subsaariana e tinha, em 2004, a economia em maior crescimento do mundo.

No entanto, apesar de o país liderar o ranking de prosperidade da África, uma grande parcela de sua população permanece na pobreza. Segundo o Banco de Desenvolvimento Africano, os lucros do petróleo e do gás levaram a melhorias na infraestrutura básica nos últimos anos, mas não houve avanços significativos nas condições de vida do povo guinéu-equatoriano.

O governo ampliou os gastos em obras públicas, mas a ONU alega que menos da metade da população tem acesso à água potável e quase 10% das crianças morrem antes de completar cinco anos. O país é criticado por diversas organizações de direitos humanos, que alegam que os dois líderes pós-independência estão entre os principais violadores de direitos na África.

Defesa

A escola de samba não ouviu as críticas calada. Em sua página oficial no Facebook, a Beija-Flor citou a proximidade comercial e diplomática entre o Brasil e a Guiné Equatorial e descreveu a relação dos países como "avançadas e dinâmicas". 

Repercussão

Diferentes veículos de imprensa internacionais repercutiram nesta manhã a vitória da Beija-Flor de Nilópolis e sua possível ligação com a ditadura africana, como o jornal americano The Wall Street Journal.

A BBC lembrou ainda outra polêmica carnavalesca. Em 2006, informou o site de notícias, a escola de samba Vila Isabel foi igualmente criticada por ter recebido investimentos para homenagear Hugo Chávez, então presidente da Venezuela.


Fontes: BBC, O Globo e a Exame



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