1 OUTRO OLHAR

Seja bem vindo ao meu espaço democrático onde não há censura, aqui não quero criar ideologias e nem doutrinas de vida e sim, expressar a minha opinião sobre aquilo que me causa inquietação. Pode ser que o meu OUTRO OLHAR não esteja na mesma direção do seu, isso não me incomoda, pelo contrário prova que cada um é pautado nas suas experiências e têm sua forma de pensar e analisar.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A TV QUE SE VÊ 4: A TV e seu objeto de prazer.

O uso da mulher como objeto do desejo masculino pervertido (pervertido no sentido de que a mulher é vista somente como um corpo, ou parte de um corpo, a ser usado e descartado e não como um ser humano com quem se relacionar em sua totalidade.)

Penso que a nossa televisão está ocasionando um grande dano na estruturação da identidade feminina de nossas mulheres. De fato, não faz o menor sentido bombardear meninas e jovens com cenas em que a mulher é reduzida ao estatuto de objeto sexual descartável. Nossa televisão não oferece, às nossas meninas e adolescentes, modelos suficientes de identificação feminina, nos quais a mulher apareça íntegra em sua dignidade humana, como o fazem intensamente os países avançados, onde os movimentos feministas zelam para que isso aconteça. O que estamos ensinando às nossas meninas é que sua função na vida é ser objeto e não Sujeito. Com isso causamos graves danos à sua feminilidade, à sua autoestima e à sua futura capacidade de amar como mulher e mãe.

A importância da influência da TV em nossa sociedade é grande demais. A falta de regras leva as emissoras à uma busca compulsiva de "cada vez mais transgressão" na procura do seu próprio limite. Quem deve fazer aí a função de pai e colocar os limites? A sociedade como um todo. O que estamos assistindo a televisão fazer é uma busca do como chocar cada vez mais, como produzir cada vez emoções mais fortes. Sem que aparentemente ninguém a detenha. Essa é uma atitude extremamente deseducadora para a criança e o jovem, que estão aprendendo a conciliar seus impulsos agressivos e eróticos com as regras sociais.

Por sermos e para sermos humanos, temos que estar todos sujeitos a regras, claro, democraticamente feitas, mas que elas existam e sejam cumpridas. O "tudo pode" sem limites leva:

1º) ou à busca desenfreada de emoções cada vez mais fortes numa atitude de tipo psicótica (queimar o índio pataxó é um exemplo disso)

2º) ou a uma angústia avassaladora face a essa falta de freios aos impulsos destrutivos inerentes ao ser humano, e à procura deles em rígidas regras externas já estabelecidas

3º) ou, nas pessoas mais bem estruturadas, à busca de regras estabelecidas e compartilhadas pela sociedade, que é o que estamos fazendo aqui.

Antes de finalizar, quero lembrar-lhes que as emissoras de televisão são uma concessão do governo, feita em nosso nome. Se não estivermos satisfeitos com o uso que ela tem feito dessa concessão, devemos nos mobilizar e reclamar, pressionar, boicotar os produtos dos patrocinadores de maus programas, lutar pelos nossos direitos de telespectadores. Nós já temos leis sobre os meios de comunicação bastante adequadas, que não são cumpridas por falta de regulamentação e vontade política para fazê-la. Em nenhum país avançado a televisão funciona sem regras, como no nosso. Temos que mudar esse estado de coisas. Penso que o estabelecimento de regras é urgente, assim como o seu cumprimento; nas sociedade modernas, não só na nossa, muitos jovens vivem um esgarçamento severo dos valores de convivência social. Isso tem várias causas (não só a pobreza), mas, no nosso meio, a televisão, devido a seu alcance, certamente tem contribuído para essa situação.

Escrito pela psicóloga clínica Sonia Thorstensen em setembro de 1999

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