1 OUTRO OLHAR

Seja bem vindo ao meu espaço democrático onde não há censura, aqui não quero criar ideologias e nem doutrinas de vida e sim, expressar a minha opinião sobre aquilo que me causa inquietação. Pode ser que o meu OUTRO OLHAR não esteja na mesma direção do seu, isso não me incomoda, pelo contrário prova que cada um é pautado nas suas experiências e têm sua forma de pensar e analisar.

sábado, 27 de novembro de 2010

FAIXA DE GAZA CARIOCA


O que realmente está acontecendo no Rio de Janeiro? Isto é resultado de quê? Da omissão? Das verdades expostas mas encobertas por um jogo político e de uma policia despreparada? É lamentável ver uma cidade tão linda, cartão postal do Brasil mostrar para mundo as imperfeições sociais do seu contexto de forma tão cruel e dura. Em outro momento e bem distante seria grotesco chamar o Complexo do Alemão de Faixa de Gaza mas hoje, a situação é bem semelhante, as diferenças estão nas motivações que, pensando bem também, são as mesmas: a briga pelo controle de uma região. No Oriente o conflito é entre palestinos x israelitas, aqui é entre traficantes, rivais, bandidos e a polícia.

O Complexo do Alemão é um complexo de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro, constituído por um conjunto de 13 favelas, estando entre algumas das mais violentas da cidade. A região concentra cerca de 40% dos crimes cometidos no Rio. O que vimos pela mídia parece traller do filme Tropa de Elite 3 a Real. Por que chegamos a este ponto? A história do tráfigo, do contrabando de armas no Rio e outras partes do Brasil é antiga, a Segurança Pública junto com os governos sempre tiveram conhecimento, mas como se tratava de um "Complexo de pobres" as tomadas de decisões sempre ficaram em segundo plano, salvo quando fugisse do controle atingindo o cenário nacional como no caso do assissanato do Jornalista da TV Globo, Tim Lopes que houve todo um jogo de sensacionalismo mas não resultou em nada. O Complexo do Alemão e outras favelas, morros no Rio ou não são espaços controlados pelos “governadores” do tráfico é um outro "Brasil" dentro do Brasil que tem sua constituição, regras e forma de governo. Quando a polícia tenta entrar, para os traficantes é claramente uma invasão de fronteiras e começa a guerra.

Nos próximos anos o Brasil será palco do cenário esportivo mundial, Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olimpicos em 2016, nos dois megas eventos o Rio de Janeiro será uma das cidades principais e a segurança é regra fundamental para as organizações destes eventos por isto, que o governo estadual com amplo apoio do federal, mesmo de forma tardia tenta tomar o controle sendo que estas cenas alarmentes de violência poderiam ser evitadas a décadas se fosse isto prioridade governamental. A entrada da cocaina nos morros do Rio de Janeiro começam na década de 80 do século XX, cresce também o comércio de armas de guerra, será que o governo não sabia disto? Que crescia um poder paralelo na periféria carioca e por que não houve uma ação como a que está tendo agora? Não critico a ação das UPPs (Unidades da Polícia Pacificadora) criada em 2008 e marca uma nova fase no combate empreendido pelo Governo do Estado contra a territorialização de áreas segregadas pela criminalidade violenta, acrescentando à política de confrontação (“guerra ao tráfico”) a ocupação permanente de favelas “liberadas” o que é louvavel, apesar de chegar atrasada podendo evitar derramamento de sangue, insegurança e medo dos civis que sofrem de dor e espanto. Tirar o controle dos traficantes que criaram seus impérios pode representar uma guerra civil regionalizada com muitas perdas de pessoas inocentes.

O Complexo do Alemão ainda é o refúgio dos grandes traficantes de favelas vizinhas tomadas pelas UPPS da polícia, e consequentemente traficantes espremidos pela perda de território estão cometendo atos terroristas pela metrópole do Rio de Janeiro gerando desordem e pânico na população porque estão vendo a sua fonte de renda secar por causa das UPPs. A ação da polícia é liderada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e com o apoio da Marinha, que cedeu nove blindados.

Vale lembrar que o Rio é a pauta do momento, mas Pernambuco, São Paulo, São Luis e outras grandes capitais brasileiras que estão ou não no eixo Copa Mundo estão vivendo situações parecidas de forma lenta que não tem a repercussão carioca mas é preciso que os governantes tomem uma atitude ágil frente a esta “bola de neve” que cresce e derretendo pode gerar outras "Faixas de Gaza à brasileira" com ondas de barbárie, violência, terrorismo e insegurança nacional.


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