1 OUTRO OLHAR

Seja bem vindo ao meu espaço democrático onde não há censura, aqui não quero criar ideologias e nem doutrinas de vida e sim, expressar a minha opinião sobre aquilo que me causa inquietação. Pode ser que o meu OUTRO OLHAR não esteja na mesma direção do seu, isso não me incomoda, pelo contrário prova que cada um é pautado nas suas experiências e têm sua forma de pensar e analisar.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

QUEM ESTÁ DOENTE: ADRIANO OU OS OUTROS?

Que sociedade é esta que, quando alguém diz que não estava feliz no meio de tanto treino, tanta pressão, tanta grana, tanta viagem, que prefere voltar à favela onde nasceu e cresceu, compra cerveja e hambúrguer para todo mundo, fica empinando pipa - se considera que está psiquicamente doente e tem que procurar um pisquitra? Estará doente ele ou os deslumbrados no meio da grana, das mulheres, das drogas, da publicidade, da imprensa, da venda de imagem? Quem precisa mais de apoio psiquiátrico: O Adriano ou os outros?
O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem "normais". Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário como um tipo italiano, 1º colocado no campeonato de lá.
Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de pastores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, religioso, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.
Considera-se desequilibrado mental que recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália haviana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido - quando a imprensa não sabe onde está alguém, está "desaparecido", chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido- buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, no meio dos seus amigos e da sua familia.
Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que "não se rasga dinheiro", em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem esta doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter ser curada? Quem é normal, quem está feliz?

Fonte: texto extraido na integra do sociológo e cientista politico brasileiro Emir Sader








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