O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem "normais". Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário como um tipo italiano, 1º colocado no campeonato de lá.
Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de pastores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, religioso, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.
Considera-se desequilibrado mental que recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália haviana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido - quando a imprensa não sabe onde está alguém, está "desaparecido", chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido- buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, no meio dos seus amigos e da sua familia.
Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que "não se rasga dinheiro", em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem esta doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter ser curada? Quem é normal, quem está feliz? Fonte: texto extraido na integra do sociológo e cientista politico brasileiro Emir Sader
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